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TEM COISAS QUE EU SÓ FAÇO PARA VOCÊ, PENSANDO EM MIM TEM COISAS QUE EU FAÇO PARA MIM, PENSANDO EM VOCÊ TEM COISAS INCONTROLÁVEIS, ESSAS IMPENSADAS QUE FAÇO SÓ PARA NÓS

Ida sem Volta

Mulher desajeitada e mal procedida, subiu naquele ônibus com a cabeça nas nuvens. Flutuava tanto entre a esperança e o temor, que se deixou enganar facilmente. Com o dinheiro embaixo da sola do tênis, assombrada pelas alarmantes notícias de como andam violentos os tempos, casaquinho nos ombros, para o prejudicial porém insubstituível ar-condicionado, munida de três barrinhas de cereal para uma eventual fome no meio do caminho, e uma coletânea de contos de Tchekhov para fugir do país tropical que a fazia transpirar, lá foi a palerma enfrentar infindáveis quilômetros de angústia . Mesmo que a idiota tivesse tido sorte, o que não foi o caso, a viagem já seria uma provação pela quantidade de delírios inconfessáveis que passavam por sua mente. Mas outras vozes foram ouvidas. Vozes externas. De uma senhora logo no assento atrás do seu, que vociferava dogmática, moral e bons costumes (os dela é claro, a mulher modelo de Niteroi) a uma desenxabida passageira que sem escapatória, com um bebê en...
Invoco sua entrega Entreaberta a boca sussurra a paixão Falseio meu desejo Ariscos meus olhos evitam a verdade Cerco sua indiferença Impedidos meus braços estreitam o sonho Percebo meu enlevo Arrepiado meu corpo treme a imaginação Suponho sua reação Surdos meus ouvidos incomodam a consciência

PRETÉRITO IMPERFEITO ou SEMI BREVE

Não era tarde Cedo também não era Embora 'inda não fosse tempo Não permitindo o relógio geral ...o anacronismo de que são feitas as almas... partiu-se pois o que é em nome do que deve ser Não seja a Lua Satélite de toda noite Puro e só Ciclo inalcansável Nem seja a Terra Romântico Saturno de alianças intocáveis Não sejam descobertos os mistérios (?) Não seja a filosofia vã (?) Sim. Permita-se a Via Láctea! E que por ela possa brincar um anjo Em piruetas e cânticos de amor que Por hora Exercitam o "adeus!... olá!" Oferecido ao astro que o convida a morar Na amizade de sua luz adversa Assim repousa o último verso. Não fosse o relógio Não fosse o relógio Que marca o tempo de não ser dois Não fosse o relógio Que marca o tempo de não ser há mais tempo Não fosse o relógio.... Eu te teria Como tenho agora na minha eternidade imaginária Eu te beijaria Como me beijam os infinitos espasmos fugitivos da tua ausência Eu te amaria... ....
mudando tudo dentro do nada a única coisa que não muda é essa vontade a curiosidade de não ser o que sempre vi como um facão cortando fundo a pele sua boca na minha ainda tem o mesmo gosto não misturei nada nem me atrevi gostaria de voar por outros ares campos e areias diferentes dos seus mas só consigo sentir a sua maresia fazer o que obstinadamente persigo nessa imagem sensação e intensidade imensurável   inexplicável vai acontecer alguma coisa o mar trará outras conchas mas sua cor ainda estará na minha retina
sóbria cortando cebolas alerta atendendo campainhas sensível torcendo toalhas ativa revirando gavetas experimentando horas a rotina revisitando a garagem lugar comum

Meditação

Ver simplesmente a confundia, não a ajudava. Nunca. Enxergar, por outro lado, a amargurava ainda mais. Passou esses anos todos sem um mínimo vislumbre da verdade que lhe propunha a vida. Inventava a sua. Combinação de livre associação, suposições e muita criatividade, misturadas a uma ponta de desmerecimento e inadequação. Com os braços estendidos e as mãos trêmulas, tateava o intangível. Vez em quando pedia auxílio de um ou outro para guiá-la, sem sucesso. Não confiava em ninguém! Se perdia tantas, incontáveis vezes, mas sempre parecia parar no mesmo lugar. Recostava para retomar o fôlego, ou apenas por uma preguiça indomável. E lá ia ela de novo, em mais uma travessia sem sinalização. Ouvir então,  um desacato às suas pernas. O par já sabia que correr abreviava vários impropérios perturbadores. Escutar talvez? Tentativas frustradas, ela tinha um zunido interno, intermitente que não deixaria isso acontecer. O que fazer se nenhuma das alternativas, as expectativas e saídas não a fa...

Calor do inverno

Delícia esse vazio completo, esse amor incerto, essa estúpida situação Que brincadeira séria, companheira patética, esperança de alguma evolução, Então juntam-se forças, agregam-se cores, e nessa difusão Cala-se o discurso, o circo pega fogo, e é só ilusão.

Caçada Platônica

Minhas todas lembranças ou fantasias, já nem sei Meus todos sentidos, direcionados desde que te vi Suas todas gargalhadas ou distrações por aí Seus todos levianos laços, e novamente me perco de ti Apenas imagens, dos ares misturados de desejo e despudor Sonhando despertei brincadeiras infantis com seu calor Sinto mais que nunca o que não aconteceu Contando os passos largos que damos no breu Insiste em não perceber como poderíamos desfrutar Dessa doce e perigosa alegria que é amar Permanece incauto em outras curvas, outros perfumes Construindo tua fortaleza frente à minha avidez Corre como louco, mas corre desarvorado Que aqui por dentro existe o artifício de um caçador Te deixo ir longe e desfrutar do descampado Uma hora ou outra cairás exaurido, desamparado Daí então te alcançarei, confiante e gentil Descobrirás em minha sombra acolhedora, O que atabalhoadamente pela vida buscou e fugiu Parceria, loucura serena, volúpia benfeitora E te direi em sussuros o quan...

Alma

Encontra então os meus olhos, Enxerga neles o que aparece O que se esconde Para onde vão, o que procuram. Me responde, o que estão pedindo Brilham por qual luz Voltam-se para que lado Lágrimas entornadas por que motivo, Sua forma assemelha-se a que Abrem-se ou fecham-se por quem Cerram irritados quando Forçam-se a vislumbrar qual distância Contesta-os com rigidez Afronta habilmente minha alma E tenha-os para sempre como escravos.