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Caçada Platônica

Minhas todas lembranças ou fantasias, já nem sei
Meus todos sentidos, direcionados desde que te vi
Suas todas gargalhadas ou distrações por aí
Seus todos levianos laços, e novamente me perco de ti

Apenas imagens, dos ares misturados de desejo e despudor
Sonhando despertei brincadeiras infantis com seu calor
Sinto mais que nunca o que não aconteceu
Contando os passos largos que damos no breu

Insiste em não perceber como poderíamos desfrutar
Dessa doce e perigosa alegria que é amar
Permanece incauto em outras curvas, outros perfumes
Construindo tua fortaleza frente à minha avidez

Corre como louco, mas corre desarvorado
Que aqui por dentro existe o artifício de um caçador
Te deixo ir longe e desfrutar do descampado
Uma hora ou outra cairás exaurido, desamparado

Daí então te alcançarei, confiante e gentil
Descobrirás em minha sombra acolhedora,
O que atabalhoadamente pela vida buscou e fugiu
Parceria, loucura serena, volúpia benfeitora

E te direi em sussuros o quanto te procurei
Me dirás o quanto te fiz falta
Nossas armas esqueceremos na campina
Nosso romance estará a salvo, nossa sina.



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Não sei quantas almas tenho

"Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que segue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo : "Fui eu ?" Deus sabe, porque o escreveu. " Fernando Pessoa

Êxtase

Um caminho a trilhar, Sem mapa ou bússola, Sem segurança ou planos, Simplesmente fé. Aprender a alcançar, Conheço a trajetória, Só não consigo enxergar. Em que tempo, De que forma, Em qual direção, O quanto de persistência. Sussurro à espectros, Indagando num silêncio perene, Mas contestam antigas miragens, Os devaneios já conhecidos. Perder para conquistar, Deixar para vir, Desencontrar para finalmente descobrir. Descortinar o enlace, Desmedir o limite, Agravar a tranqüilidade. A verdade que não é incondicional, A dúvida que guardo em mim, O desejo secreto, A porta entreaberta. Eu conheço a crueldade, Mas não sei arrancá-la, Como dar vazão sem ferir. Ânsia por entendimento, Veleidade pelo cálido, Necessidade à receptividade, Que venha o encantamento do já visto, Junto com a desesperança, Saberei que nada é plano, preto ou branco, Dentro sou caleidoscópio. Tenho hoje minha idade, Meus momentos, minha dor, Frustrações, raiva e afetos. Escancaro minhas veias, Tenho o meu como certo indef