Intupiram meu bueiro, jogaram lixo na minha calçada! O causador do mal cheiro nem medo da repreenda teve ao sujar minha passagem. Testemunhas podem descrevê-lo em detalhes. Em sua sordidez não se apressou ao conspurcar meu canto. Lembro-me que havia acabado de desobstruir o acesso, com o trabalho e dedicação de formiga operária na construção de nova morada. Conquistara o fluxo, a limpeza almejada e, de repente, tudo emporcalhado, encalacrado de novo. Agora além de pás, vassoura, me armarei também de vigilância ostensiva. Quero desafiar o próximo porcalhão que virá, visto que é inegável a repetição do ato, a repetir a façanha sob minha mira. Recomeço a livrar de impurezas minha entrada. Na esperança que se mantenha limpa. Senão, a saída será putrida como a que me impuseram desrespeitosamente.
Sentindo o ventinho frio nos fundilhos da calça de um pijama puído, arrastando as chinelas na preguiça de um domingo flácido, transporto Crisântemo com destino ao alívio de seus intestinos caninos. Por entre as ruas cruzamos com Gagá, a pastora do vizinho Hering, que insiste em latir esganiçada, com Einstein da velhota Any Any, elegante no porte mas inconveniente em investigar com seu focinho minhas partes pudendas, ou com a basset asssemelhada a um gato gordo e carente da Puket. Temendo por uma investida agressiva, ou acolhendo carinhos de língua, nós, os dirigidos donos, nos cumprimentamos e jogamos a mesma conversinha banal fora, enquanto os bichos se reconhecem pelo faro. A noite chegara a pouco, e ouvimos o burburinho de animados grupos nos bares, recém chegados do almoço em família. Olhares analíticos deles, vezes para os animais, vezes para nosso descompromisso. Falta pouco para juntar-me àquele chopp e risadas, deixar meu pet descobrir outras plagas e caminhar so...
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