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Na Medida

Roupagem nova para antigos demônios E eles se riem pomposos, garbosos Forçam-me a deitar sob seu descrédito Adorar-lhes humildemente sua força Mas se não fui eu que reiscindi a costura Daqueles velhos trapos que desapareciam Renovei suas emendas, suas pregas e mangas Cerzi cada folga delicadamente, à medida Promovendo recentes modelos com caimento Dessa viçosa rama de fios a enredar-me Encontro-me atual num nó de tecidos Amarrei o avanço num retrocesso juvenil E eles se riem soberbos, esnobes E vislumbro ali um brilho metálico E eles se riem pedantes, magníficos E é tão gritante retalhar o moderno figurino

Contradição

Sofro por não haver saída Por acreditar na mentira Me levar à medida Rezo por não pertencer ao todo Por desdizer ao lodo Mancomunar a rodo Rio dos próprios desmerecimentos Choro pelos acontecimentos Fujo do entendimento Lá em minha ilha não tem palmeiras Em meu recanto imaginário, são videiras Que pesadas caem de tristeza Vai-te embora solidão Retira-se do recanto a precisão Arranca de vez a prospecção

out of the blue

e do azul me surge esse intenso amarelo do oceano o peixe mais exótico e das areias quentes a refrescante da nascente surpresas são quase esperadas criações tem sempre sua fonte amabilidades seu interesse contraditório seu discurso seus olhos meu espelho minha alma em sua voz arremedo de um começo brincadeira do avesso Me virando no travesseiro Vêm agora que estou forte Atenta pelo esporte valorando seu reporte Vamos viver na corda bamba estaremos sempre pelas tampas no desequilíbrio da balança Sua mão cabe no meu rastro Minha sombra no seu lastro Tudo cabe em nosso abraço
Abro as veias: irreprimível, Irrecuperável, a vida vaza. Ponham embaixo vasos e vasilhas! Todas as vasilhas serão rasas, Parcos os vasos. Pelas bordas - à margem - Para os veios negros da terra vazia, Nutriz da vida, irrecuperável, Irreprimível, vaza a poesia. Marina Tsvetaeva

Às vezes

Tem coisas a propor sem o menor pudor, silêncios profundos de incrível vigor, obstinadas ideias acorrentadas à realidade lidas tantas, inacreditáveis Tem sentimentos de vestir sem experimentar, carapaças outras de se revirar, cadafalsos de sonhos para se escalar e tudo é sempre, rasgante e etéreo, posto que nunca se faz definido Tem uma chama que arde, uma dúvida que permanece, um insidioso lapso de tempo realizar...

Meus Olhos

E eles enxergam cada movimento sorriso, ou desmerecimento em lábios áridos E eles veem cada detalhe abraço, ou relaxamento dos músculos tesos E eles recebem cada informação piscada, ou profundidade em pupilas largas E eles captam cada sentimento sombra, ou pureza das sensações rápidas E eles cortejam cada intenção disfarce, ou evidência de fuga transitória

Quase vendaval

À beira da varanda tem brisa aquela suave reconhece teu rosto zomba do teu destempero sopra teu intrincado pesadelo levanta tua saia de zelo Perde a compostura o receio Corre até ela entrega  permite o calafrio persegue a sensação  desfruta do apelo

Gerir

Na expedição de ideias providenciais Na engenhosidade da imaginação desmedida Na excitação do universo pessoal Na infinidade do detalhe, do silêncio da pausa das entrelinhas Desmerece-se a clareza das incertezas Embarca-se num barco sem âncora de devaneios Negligencia-se a concretude dos eventos Extravia-se a rota traçada da objetividade, da presença do terreno do caminho E o bordão; Ir às vias de fato Calar o ruído Consumar o propósito Bradar ao ato!

Cabernet

Fui embora com a solidão Não entendimento Falta descomposta de reposição Descompasso no tempo Dado o beijo da morte Para um possível renascimento Brinco do que já foi possível Num idiota empreendimento Está combinado entre as partes É nesse instante, funcionamento Regras que almejam ser quebradas Lágrimas secas ao vento.

Green something

                                                                                                filme assistido de dentro pra fora                       reviramento de sentimentações objetos escondidos             lamentações repetidas sujeiras do passado                      empurradas pra debaixo do sorriso convivível       ...