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Caminhando solta nessa calçada larga, pisando firme, sentindo as plantas dos pés refestelarem-se, nessa tarde de domingo besta. Tudo parece ter uma dimensão diferente hoje. Cada uma das árvores que vencem o cimento duro calculadas em seus quadrados de vida, parecem mais verdes e se fazem tão especiais por folhagens menores ou maiores, mais grossas, troncos finos e delgados, outros tantos agressivos disputando com os postes volume e atenção. O céu num azul de comer de colher, nuvens espaçadas rindo da terra abafada. As pessoas, a natureza da cidade de ninguém... O sei lá quem, indefinido homem de cabelos longos, peito nu, pernas longas afastando as pernas como quem quisesse defender um espaço que já não mais o pertence a algum tempo. A senhorinha de cabelos brancos, cenho indecifrável com ritmo de salsa, o casal afoito que se beija com descrédito pelo amanhã, o irritante descompromisso do skatista atravessando o caminho dos passantes, as mãos entrelaçadas de veias velhas de amor e comp...
Alcançar o presente, onde está, o que é Buscar até encontrar, o que faz, como move não mais enganar, ou fugir, iludir não mais mentir, nem ignorar, ou esvaziar Apreender e soltar, deixar, e crer Sentir à vontade, à deriva, sem melancolia não mais precisar, nem jogar demais, ou reduzir não mais estancar, nem intoxicar, ou provar a ninguém Tenho alguns momentos agora Um mundo inteiro adiante Uma infinidade de desejos Um desfiladeiro lotado de aspirações
Meu silêncio é barulhento, Insatisfeito, espaçoso, Briguento, fanfarrão Minha vontade enfrenta minha loucura, Meu universo é pequeno, e lotado de sentimentos, Minha cabeça encarcera minhas ideias Milhões de esperanças num cinismo infeliz Montes de passos para o nada, Moldes desiguais de uma forma perfeita Deriva de algo que já não é meu, E quem mesmo pode ser esse eu, Que tempo terá o ritmo da minha dança?

Exaustão

Virar a mesa           Chutar as cadeiras Puxar a toalha           Rasgar o tapete Arremessar os pratos           Espatifar as taças Entortar os talheres           Quebrar o lustre Derreter as velas          Esmigalhar o pão Pisotear a comida Destruir com violência e rapidez           Manchar o chão de sangue os pés perfurados           Manchar as paredes de sangue as mãos lanhadas           Manchar o vazio de sangue o corpo inerte                       a alma morta              ...
Por instantes em imaginação, o quanto minha vida inteira poderia ter sido cercada por aquela água? Cálida, serena e transparente, tocava meus sonhos, envolvia meu desejo, ligava à outra alma a minha límpida transformação.

Novo

Vamos brincar num outro parque Aquele que a grama cresce perturbada Que tem bancos pichados, terra remexida Que a chuva empoça Que a luz rebate nos troncos das árvores Nos perder na trilha desfeita, nas folhas caídas Tropeçar em frutas podres, beber da água turva Limpar o passeio arrastando os pés na lama Vamos brincar num outro parque?

Engano?

Tudo mais ou menos perto                Quase aqui e lá adiante        Procura desmedida                         Sem chegar descansado          Trazendo e levando                                                                Ouvindo e gritando              Nada captado, nada guardado            ...

Foi um Momento

Foi um momento O em que pousaste Sobre o meu braço, Num movimento Mais de cansaço Que pensamento, A tua mão E a retiraste. Senti ou não ? Não sei. Mas lembro E sinto ainda Qualquer memória Fixa e corpórea Onde pousaste A mão que teve Qualquer sentido Incompreendido. Mas tão de leve!... Tudo isto é nada, Mas numa estrada Como é a vida Há muita coisa Incompreendida... Sei eu se quando A tua mão Senti pousando ‘Sobre o meu braço, E um pouco, um pouco, No coração, Não houve um ritmo Novo no espaço? Como se tu, Sem o querer, Em mim tocasses Para dizer Qualquer mistério, Súbito e etéreo, Que nem soubesses Que tinha ser. Assim a brisa Nos ramos diz Sem o saber Uma imprecisa Coisa feliz. Fernando Pessoa

É você

Vim com essa febre Que não passa preciso que padeça Primitiva vontade de perigo Golpe dentro da minha imaginação Como tudo que sempre foi Minha verdade de mentira Meu castelo de vento depois de nunca mais Medicina da satisfação momentânea perfume sem flor vai num ritmo dissonante e idiota Ignora estúpido porque quando tiver consciência será incontrolável, responsável Sentirá na mesma velocidade e tenho pena do quanto terá perdido o que já ganhei em você, em mim.
TEM COISAS QUE EU SÓ FAÇO PARA VOCÊ, PENSANDO EM MIM TEM COISAS QUE EU FAÇO PARA MIM, PENSANDO EM VOCÊ TEM COISAS INCONTROLÁVEIS, ESSAS IMPENSADAS QUE FAÇO SÓ PARA NÓS